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24 de Abril de 2024

Idec vai à Justiça contra coleta de emoções de usuários do metrô de SP

Instituto aponta violação de direitos em sistema de câmeras que coleta emoções dos usuários sem autorização e solicita o desligamento dos equipamentos

Publicado por Camila Maschion
há 6 anos

O Idec moveu uma ACP (ação civil pública) nessa quinta-feira (30) contra a ViaQuatro, concessionária responsável pela linha 4-Amarela do metrô de São Paulo (SP), para impedir a coleta ilegal de dados nas “portas interativas digitais”.

A nova tecnologia, implementada em abril pela empresa, consiste em uma câmera que reconhece a presença humana e realiza a identificação de emoção (feliz, insatisfeito, surpreso e neutro), gênero e faixa etária dos passageiros posicionadas em frente ao sensor.

Para o advogado e pesquisador em direitos digitais do Idec Rafael Zanatta a prática gera grandes preocupações, já que não solicita nenhum tipo de autorização dos participantes. “O caso é de magnitude impressionante. Os sensores são instalados nas portas de acesso ao trem, de modo que o usuário não tem direito de escolha: ou aceita a coleta dos seus dados, ou busca outro modo de se locomover na cidade, o que configura prática abusiva já que o transporte público se trata de um serviço essencial. É uma pesquisa de opinião forçada que viola a Constituição e várias leis federais”, explica.

Na ACP, o Idec exige que a empresa cesse imediatamente a coleta de dados e o desligamento e retirada definitiva das câmeras já instaladas. O Instituto ressalta ainda a ausência de cautela da ViaQuatro com a proteção da imagem de crianças e adolescentes, como prevista na Constituição Federal.

“Trata-se de um caso extremamente relevante não só pela quantidade de pessoas afetadas e pelo abuso de direito pela ViaQuatro, mas também por ser um tipo de prática que vai na contramão da nova Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais”, ressalta Zanatta.

A ação judicial foi fruto de um trabalho colaborativo entre o Idec, a Lavits (Rede Latino-Americana de Estudos de Vigilância) e o PET (Programa de Educação Tutorial) da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Falta de transparência

O documento aponta ainda falta de transparência, pois não existe qualquer indicação nas intermediações do metrô acerca da existência das portas interativas. Além da falta de informação, o Instituto afirma que as câmeras são “camufladas”, ou seja, praticamente imperceptíveis.

Para o Instituto, o sistema permite a obtenção de receita a partir da venda desses dados para terceiros e pode então direcionar suas estratégias de publicidade a partir das reações identificadas.

Indenização de mais de R$ 100 milhões

O Idec pede a condenação da ViaQuatro e indenização a título de danos coletivos (segundo o artigo do Código de Defesa do Consumidor), em valor não inferior a R$ 100 milhões a ser revertido para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos.

O Instituto solicita também que a ViaQuatro seja obrigada, judicialmente, a realizar a implementação de uma ferramenta que proporcione ao consumidor e usuário de transporte público se informar sobre a utilização de seus dados biométricos nas pesquisas realizadas pelas “portas interativas digitais”, de modo que ele possa aderir com seu consentimento expresso, podendo-se utilizar, por exemplo, um QR-Code ou ainda um aplicativo com essa finalidade.

Fonte: https://idec.org.br/noticia/idec-vai-justiça-contra-coleta-de-emocoes-de-usuarios-do-metro-de-sp

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2 Comentários

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Assunto bastante complicado. É de suma importância a não violação dos direitos de imagem de cada um, haja vista que é necessária a permissão para exposição da mesma, mesmo que em casos como este, onde não há exposição direta. Isso me faz pensar nas propagandas midiáticas de prefeituras e governos. Há fotos e vídeos por exemplo, de multidões e nesses casos, sempre acabam expondo a imagem de algumas pessoas. Acredito que na maioria desses casos, não há prévia autorização de todos os envolvidos para a vinculação desses conteúdos em mídia. E mesmo sem saber da exposição, essas pessoas acabam tendo seus direitos violados. continuar lendo

Olá, realmente é um assunto bem delicado.
Se nos basearmos pela lei geral de proteção de dados e pelo conceito de dado pessoal, que é qualquer informação que torna a pessoal identificada ou identificável, o que não ocorre em filmagens de multidões, a via 4 realmente está coletando nossas dados sem autorização e utilizando para fins lucrativos inclusive. Essa vai ser uma boa discussão, vamos acompanhar para ver o resultado. continuar lendo